Lacerda Machado: "TAP deve ser privatizada e rapidamente"
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Diogo Lacerda Machado, ex-administrador da TAP, defendeu esta terça-feira no Parlamento que a companhia aérea "deve ser privatizada e rapidamente", salientando que em fevereiro de 2020, antes da covid-19, a transportadora "chegou a valer milhões" e "levou-me a achar que a venda por 10 milhões [feita em 2015 à Atlântic Gateway] era um brutal prejuízo para os contribuintes portugueses".
"A gestão da TAP deve ser uma gestão privada orientada para o mercado", afirmou aos deputados, no âmbito da audição requerida pela Iniciativa Liberal sobre as conclusões da auditoria da Inspeção-Geral das Finanças às contas da TAP.
Sobre a compra pela TAP da empresa de Manutenção e Engenharia Brasil, a IGF afirmou na auditoria não ter sido demonstrada a "racionalidade económica da decisão da administração da TAP de participar no negócio" e, posteriormente, "de não partilhar os riscos e encargos daquela participação com a Geocapital", empresa de que Lacerda Machado era então advogado. Este, no entanto, voltou a defender a aquisição da empresa de manutenção da Varig no Brasil em 2005, considerando-o o melhor investimento da TAP em 50 anos, "como meio para a posterior aquisição da Varig para posicionar a TAP como principal transportadora aérea do Brasil para a Europa".
"Foi este investimento que fez da TAP uma multinacional, que permitiu que a TAP tenha hoje uma quota de mercado absolutamente anormal nos voos entre o Brasil e a Europa e que justifica o interesse dos grupos de aviação que querem tomar participações na TAP", afirmou Lacerda Machado.
"Espero, estimo e desejo que a TAP seja privatizada, e que seja privatizada depressa, e que sobretudo aquilo que faz dela um agente fundamental na economia portuguesa é continuar a sua operação, que infelizmente pode não ser maior por causa, esse sim, de um negócio absolutamente inexplicável que é a privatização do monopólio das infraestruturas aeroportuárias de um país por 50 anos a troco de coisa nenhuma", atirou o advogado referindo-se à venda da ANA ao grupo Vinci.
Em seu entender, "esse é o pior negócio que foi feito na aviação civil comercial em Portugal, e é identificado pelos interessados na TAP como o maior problema da TAP".
Lacerda Machado era em 2005 advogado da Geocapital, a empresa macaense que entrou no negócio de compra da empresa de manutenção no Brasil com a companhia aérea portuguesa, tornando-se depois administrador.
Em seu entender, foi a partir deste negócio – que durante anos veio a penalizar as contas da TAP SGPS – que "a diferença é radical" na operação da companhia. "Foi o melhor investimento estratégico decidido pela administração da TAP, que hoje explica o que é o seu mais importante valor como companhia aérea".
Lacerda Machado disse não ter tido intervenção na decisão do negócio e que quando foi administrador "recebeu zero", assegurando que também "a Geocapital não ganhou dinheiro nenhum com a operação".
Sobre outras das conclusões da auditoria da IGF, o advogado apenas disse não ter tido qualquer intervenção no pagamento de 55 milhões a David Neeleman em 2020, nem sobre as remunerações e prémios pagos a administradores através de um contrato de prestação de serviços, frisando que as questões remuneratórias na companhia "cabiam à comissão de remunerações".
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